Um olhar matemático sobre a criatividade
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Em meados dos anos 60, Ruth Noller, Professora de matemática, foi convidada para trabalhar com Sidney Parnes na Creative Education Foundation. Nesses estudos, eles buscaram analisar e melhor entender não apenas o conceito de criatividade, mas principalmente o seu funcionamento. O resultado foi a publicação do livro Source Book for Creative Problem Solving, em 1992, no qual Parnes afirma que “criatividade pode ser considerada a função de conhecimento, imaginação e avaliação. Sem conhecimento, não pode haver criatividade”, o que originou a fórmula Criatividade = f (C, I, A).
Quando falamos em criatividade, é normal nos defrontarmos com a pergunta: quem é mais criativo: o adulto ou a criança? Claro que a resposta sempre vem em coro: A CRIANÇA... Porém, ao analisar a questão à luz da equação proposta por Parnes e Noller, vê-se que o adulto possui mais conhecimento, seja o escolar e acadêmico, seja o obtido com a experiência de vida, o que ainda não se configura na vida da criança. Além desse vê-se também que o adulto julga e avalia mais que a criança, porquanto há uma relação direta entre conhecimento e julgamento/avaliação. Aliás, nós, adultos, somos pródigos em julgar. Às vezes até nos precipitamos em alguns julgamentos e depois temos de reconsiderar alguns pontos de vista.
Quanto à imaginação, cabem duas perguntas: quem usa mais a imaginação? Quem é mais capaz de imaginar? É fácil perceber que a criança usa mais a imaginação do que o adulto, principalmente porque ela não possui as travas impostas pelos conhecimentos e julgamentos. Quanto a quem é mais capaz de imaginar, essa é uma questão que exige maiores reflexões. A inteligência, constituída pelas faculdades de imaginar, refletir, recordar e outras, é a mesma no adulto e na criança. Ambos têm os mesmos potenciais. É verdade que um adulto pode passar toda a vida sem usar a imaginação ou sem usar a reflexão, mas a capacidade existe em potencial. Do mesmo modo que o raciocínio matemático pode ser desenvolvido, a imaginação no processo criativo também pode ser desenvolvida.
Resumindo, podemos responder à questão “quem é mais criativo: o adulto ou a criança” dizendo que ambos possuem o mesmo potencial criativo, mas é necessário desenvolvê-lo até torná-lo uma habilidade e, com o exercício freqüente, um talento. Por outro lado, o adulto, com a sua experiência e o acervo de informações e conhecimento acumulado, possui mais elementos, que podem se constituir em “insumos” ou “auxiliares”, que favorecem a criatividade mais profícua e efetiva.